quinta-feira, abril 29, 2010

Riscos da Sociedade da Informação: Desemprego e injustiça social

Julgo não estar sozinho ao defender uma maior justiça e equidade fiscal, capaz de acabar com a sistemática penalização das classes médias e ter a coragem para tributar os lucros desproporcionados do sector financeiro e de uma meia dúzia de monopólios públicos e privados, que nos ofendem a todos com mordomias e opulências resultantes da apropriação indevida de mais-valias, sem qualquer retorno para a sociedade.
Se queremos continuar a ter um Estado Social e a travar a erosão das classes médias e o aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres, temos de rever a lógica de financiamento da Segurança Social procurando nos novos meios de acumulação de riqueza os factores de sustentabilidade que preocupam as gerações futuras.
O trabalho humano, enquanto energia e músculo, desde há muito que deixou de ser o factor mais importante na criação da riqueza. Com a intangibilidade dos serviços, a automação dos processos produtivos e a utilização generalizada das tecnologias da informação e comunicação o conhecimento passou a ser o que resta e tem valor no factor trabalho, reduzindo-se drasticamente o número de oportunidades de emprego para aqueles que concorrem globalmente em postos de trabalho baseados na energia, no músculo e em competências de baixo valor acrescentado.
A transformação acelerada dos processos produtivos apenas tem contribuído para a acumulação de benefícios que vão direitinho para a remuneração dos accionistas e para a opulência das respectivas administrações e de algumas elites económicas mais afortunadas.
As oportunidades de emprego caem todos os anos, como resultado do crescimento económico e de um liberalismo cego em relação aos desequilíbrios sociais.
Não existindo regulação nem medidas de política adequadas aos novos tempos, restam apenas poucas organizações de solidariedade e do terceiro sector que voluntariamente são capazes de ter preocupações de economia social e de redistribuição justa de mais-valias.
Os processos de produção aceleraram-se tremendamente com a Sociedade da Informação e a acumulação de mais valias na mão de um punhado de pessoas tornou-se um escândalo social. O velho sistema contributivo para a Segurança Social tarda em reconhecer e não vai tendo imaginação para encontrar novas formas de financiamento capazes de suportar o Welfare State que todos desejam e apregoam, mas que apenas um ou dois países, como a Suécia e a Dinamarca, têm tido políticas adequadas para o manter e desenvolver.
Temos que reflectir sobre os contributos das TIC para a competitividade, crescimento e emprego no curto e longo prazo e travar a tendência de aprofundamento das desigualdades sociais que paradoxalmente acabam por resultar da sua utilização.
É certo que queremos beneficiar de mais tempo livre e melhor qualidade de vida, porque as tecnologias progressivamente vão ocupando os nossos lugares, mas esse tempo de desocupação não pode ser convertido em mais desemprego e mais miséria para a sociedade.

Não queremos um crescimento económico ainda mais injusto.

De acordo com o relatório «Crescimento e Desigualdades» da OCDE, Portugal é dos mais injustos no que respeita à distribuição dos rendimentos e está entre os primeiros quanto às diferenças entre ricos e pobres.
Esta situação verifica-se sobretudo nos países mais ricos. É o caso do Canadá, Alemanha, Noruega, Estados Unidos, Itália e Finlândia.
Entre os países que alcançaram alguns avanços na justiça de rendimentos e na aproximação entre os mais ricos e os mais pobres, estão o México, a Grécia, a Austrália e o Reino Unido.
A Dinamarca e a Suécia são os mais justos de todos.
O relatório conclui que:

  • É nos países com maiores diferenças sociais que os ricos ficaram ainda mais ricos;
  • É nos países com maiores taxas de emprego que existem menos pobres.
Temos que acabar com a triste figura de um país que, não sendo dos mais ricos, cada vez dá mais sinais de terceiromundismo com o aumento progressivo do fosso entre os mais ricos e os mais pobres.
Portugal, se não estiver preparado do ponto de vista das suas políticas económicas e dotado de uma regulação mais eficaz, qualquer crescimento económico que vier no futuro, poderá correr o risco de aprofundar ainda mais as desigualdades sociais actualmente existentes.
Por isso não queremos um crescimento económico ainda mais injusto.

Os riscos da Globalização para Portugal

Portugal é o país da OCDE que está mais vulnerável à globalização por ter grande parte da sua economia baseada em actividades de baixo valor acrescentado e concorrentes com as economias emergentes asiáticas baseadas em baixos salários e condições de trabalho sub-humanas.
A maior parte dos países da OCDE está cada vez mais a apostar em actividades complementares e não concorrenciais com o terceiro mundo e os novos tigres asiáticos, dominando a concepção e o markting e criando fileiras produtivas periféricas baseadas em custos baixos de mão-de-obra.
O que será que Portugal está a fazer para inverter esta tendência?

Stephen Wolfram: - Computing a theory of everything (TED)

sexta-feira, abril 02, 2010

Desculpem ontem era 1 de Abril:.))

Em relação ao post anterior, desculpem mas não resisti a pregar uma mentirinha para despertar algumas consciências sobre este assunto sistematicamente adiado.

quinta-feira, abril 01, 2010

Hoje aconteceu um milagre!

Finalmente o Estado já sabe em tempo real quantos funcionários tem, onde estão, com que categorias, com que competências, quais as funções que exercem e qual o valor real dos salários efectivamente pagos a todos os trabalhadores.
Igualmente foi estabelecido um compromisso para a elaboração até ao final do ano do Balanço Financeiro do Estado incluindo o valor do seu Património.