sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Portugal caiu em 2010 para o 39º lugar no ranking de e-Government das Nações Unidas

Portugal caiu em 2010 para o 39º lugar no ranking de e-Government das Nações Unidas, depois de ter ocupado o 31º lugar em 2008, o 30º em 2005, o 31º em 2004 e o 26º em 2003.
Paradoxalmente, esta queda ocorreu logo a seguir a termos alcançado o 1º lugar no benchmarking da União Europeia promovido pelo IDABC em 2009 e encomendado à CapGemini.
É curioso que de acordo com o ranking das Nações Unidas, e considerando apenas os 31 países incluidos no benchmarking da UE, Portugal ficaria em 25º lugar na Europa, apenas ultrapassando a Grécia (41º), o Chipre (42º), a Eslováquia (43º), a Bulgária (44º), a Polónia (45º) e a Roménia (47º).

Folha de cálculo já disponibilizada pelas Nações Unidas

Ver tambem:
Alcançámos o 1º Lugar na Europa em e-Gov!!!

Novos desafios na gestão de informação na era da Web 2.0 e do cloud computing

sábado, fevereiro 06, 2010

É urgente saber onde está a Gordura e o Défice do Estado

Será importante ver os mapas agregados das Despesas previstas para 2010 nos Serviços Integrados e nos Serviços e Fundos Autónomos por classificação económica.
As despesas com Pessoal do código 01 constituem respectivamente 7,8% e 10,9%, o que denota que a margem de redução está sobretudo nas outras despesas correntes e de capital.
Existem muitas despesas orçamentadas mas ocultas em transferências entre sectores. Seria interessante esmiuçar o destino destes valores.
As receitas próprias e as despesas das Empresas Públicas, Agências e Fundações não estão aqui incluídas, pois são propositadamente desorçamentadas. O Orçamento suporta apenas os prejuízos deste sector através de transferências bem disfarçadas, mas não vê explicitados os seus proveitos que provém muitas vezes de fiscalidade indirecta e encapotada.
Com tudo isto, o Estado acaba por não controlar a forma como estes dinheiros são gastos.
Será que os 31 mil milhões dos Serviços Integrados e os 153,5 mil milhões dos Serviços e Fundos Autónomos constituem a verdadeira Despesa do Estado? Onde estão por exemplo os 460 milhões dos submarinos?
É importante lembrar a todos quantos se sentam à mesa do Orçamento do Estado, de forma mais ou menos explícita ou oculta, que deverão ter vergonha na cara quando dizem mal dos funcionários públicos e propõem o seu estrangulamento.
Ainda temos um longo caminho a percorrer no que se refere à TRANSPARÊNCIA das contas públicas.
Trata-se de uma questão de CIDADANIA e de ÉTICA POLÍTICA, mas nem uma coisa nem outra vão bem em Portugal.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

O CIO do Estado

Existe uma enorme confusão entre o conceito de CIO (Chief Information Officer) e de CTO (Chief Technology Officer), pois o que encontramos na maioria das organizações são CTO, enquanto responsáveis máximos de informática, mais concentrados na gestão das tecnologias do que na gestão dos recursos informacionais, incluindo a infraestrutura tecnológica de suporte.
O próprio conceito de Informática, enquanto tratamento automático da informação foi, ao longo dos últimos 20 anos, perdendo importância e dando lugar ao binómio sistemas e tecnologias da informação (SI/TI), procurando-se valorizar cada vez mais o recurso informação e não apenas as tecnologias que lhe dão suporte.
Deste modo, o papel do CIO na AP, como em qualquer organização, vai muito para além de ser um responsável máximo da informática e deverá constituir um gestor de topo dos recursos informacionais, com capacidade de influenciar estrategicamente a evolução do negócio numa perspectiva verdadeiramente inovadora, transformadora e de incorporação de valor com recurso a tecnologias adequadas.
Em meu entender não existe actualmente ninguém a desempenhar adequadamente o papel de um CIO, por duas razões principais:
Nos últimos anos assistiu-se a uma grande contracção e devastação das estruturas da Administração Directa do Estado (Direcções Gerais) e à sua migração para a Administração Indirecta do Estado (Empresas, Fundações, Agências, Institutos, etc.), como forma de iludir a contracção do défice e fugir ao controlo orçamental.
Consequentemente, diminuiu-se a capacidade de gestão estratégica e criaram-se psudo-empresas mais preocupadas em cumprir calendários políticos do que em assegurar uma arquitectura de SI/TI coerente e integradora de todo o sistema de informação do Estado. Em vez de um comportamento estratégico estas entidades preferem desenvolver competências executórias e sobrepor-se desta forma ao mercado privado ou nalguns casos deixar-se capturar por ele.
A segunda razão foi a desvalorização e, nalguns casos, a eliminação do estatuto de funcionário público independente e comprometido acima de tudo com o serviço ao cidadão. Perante o desfilar de governos sedentos de reinventar tudo de novo em cada período de quatro anos e perante um sistema de avaliação que privilegia sobretudo os resultados de curto prazo, a obediência cega à cadeia de comando e a competição individual, os actuais trabalhadores contratados em funções públicas são incapazes de ter uma atitude independente e comprometida acima de tudo com o serviço público.
Não é fácil exercer o papel de CIO no Estado. Trata-se de um papel verdadeiramente paradoxal, uma vez que, ao mesmo tempo que deverá ser capaz de participar e influenciar as estruturas políticas em cada momento, terá de ser capaz de ultrapassar as barreiras do tempo (sobreviver às mudanças de legislatura) e ultrapassar as barreiras do espaço, ou seja da tutela em que se encontra integrado, mantendo uma visão holística do sistema de informação do Estado.
As funções de governação (Governance) dos SI/TI não são iguais em todas as organizações, pois dependem da fase de maturidade em que se encontram os gestores dos recursos informacionais e tecnológicos. As funções de governação tanto podem ser asseguradas por solucionadores reactivos de problemas centrados nas tecnologias, do tipo CTO, como por autênticos CIO que são capazes de agir proactivamente e influenciar a transformação do negócio através da utilização adequada dos SI/TI, de forma co-optada com os seus pares nos níveis mais elevados da gestão e da governação.
Pode dizer-se que actualmente existem na AP alguns CTO mas ninguém desempenha o papel de CIO. Mesmo em sectores como as Finanças, a Justiça a Saúde ou a Segurança Social, o que existem são CTO mais preocupados na prestação de serviços do que no pensamento estratégico e arquitectural.
Por tudo isto, precisamos de um CIO do Estado que seja capaz de exercer funções de soberania, com força, credibilidade e independência suficientes, para ultrapassar as barreiras de cada legislatura (Tempo) e as barreiras ministeriais (Espaço) e capaz de se libertar das obsessões estritamente tecnológicas e dos autismos tecnocráticos, em favor de uma gestão do sistema de informação do Estado.