domingo, setembro 17, 2006

A dificuldade de olhar os processos a partir do cidadão

Há mais de vinte anos que nos habituámos a ouvir e a disseminar uns dos princípios basilares da modernização administrativa – A necessidade de orientar a administração pública para as necessidades do cidadão. No entanto, este princípio ainda está muito longe de ser interiorizado nas atitudes e comportamentos da maioria dos políticos e responsáveis do sector público.
Trata-se acima de tudo de respeitar e aprender a valorizar a cidadania activa, enquanto parte integrante e indissociável da governação. O pensamento da gestão actual reforça a ideia que o maior erro das organizações públicas e privadas, mesmo quando têm ideias e produtos brilhantes e vencedores, é o distanciamento que continuam a manter em relação aos seus clientes, mesmo aqueles que lhes são mais fiéis.
O melhor modelo de gerar inovação é "sair para a rua". A nova "buzzword" para esta perspectiva de gestão chama-se "open innovation" (inovação aberta) ou inovação no sentido "outside-in" (de fora-para-dentro). A maior parte dos poderes públicos ainda olham o cidadão como um estorvo ignorante durante as fases de concepção e realização da modernização administrativa, alguém que só deve participar na fase final dos projectos simplesmente para os aplaudir.
Durante a concepção e a realização dos projectos de inovação e mudança a sociedade civil raramente é consultada e é quase sempre impedida de desempenhar um papel de verdadeira cidadania activa, pois os cidadãos continuam a ser tratados apenas como meros “administrados”, bem ao jeito do pensamento administrativo mais convencional e conservador.